Tem dias que a noite é em casa!


      Se você passeia na locadora à procura de um bom filme em meio ao mar de títulos, capas, rostos e nomes de impacto e fica sempre na dúvida do quanto daquilo que está alardeado na sinopse se aplicará quando for a hora de colocar o filme à prova... bem, você não é o único. É por isso que quando a gente encontra algo que realmente vale o nosso tempo, o mínimo que se pode fazer é contar pra todo mundo, certo? Ou, ao menos, para todos os outros cinéfilos sedentos por uma boa novidade. No caso de "Criação" (Creation, 2010), nem tão nova assim. 

      Dirigido por Jon Amiel e estrelado por Paul Bettany e Jennifer Connely, esta emocionante história é baseada no livro de Randal Keynes, "Annie's Box" e vale cada segundo. Na sinopse da contra capa do dvd você lerá que " Charles Darwin (Paul Bettany) revolucionou toda a história da humanidade com sua extraordinária obra - A Origem das Espécies. Suas ideias chocaram a todos, mas foi dentro de sua família, em especial sua esposa Emma (Jennifer Connely), onde ele encontrou os maiores desafios a sua teoria. Darwin viveu um dilema entre fé e razão, amor e verdade." De fato, é um resumo correspondente às cenas que virão pela frente. Mas como toda sinopse de contra capa, não diz - no caso das boas obras - um terço das nuances que serão encontradas dentro de Criação.  

      Em alguns momentos, a controvérsia ao redor da teoria da evolução de Darwin, desenrolada ao longo da trama, torna-se quase um pano de fundo para outras questões emocionais que se apresentam de forma bonita e delicada. As diferenças entre o casal protagonista - ele um cientista, ela uma católica convicta - o conflito interno de Darwin entre a crença numa Divindade e a crença em seus estudos sobre a evolução das espécies, a relação de amizade cúmplice, cheia de admiração, entre ele e a filha mais velha, o amor e companheirismo entre Charles e sua esposa, e a dedicação do evolucionista ao seu ofício e pesquisas sem fechar os olhos para correntes opostas, como a afirmativa religiosa da criação do mundo por Deus - à qual o carismático protagonista não se opôs totalmente, durante boa parte da vida. 

     Há vários traços marcantes que se intercalam durante estes mais de 100 minutos de filme, cativando de forma sutil o espectador e fazendo-o admirar a forma cuidadosa e honrada com a qual Charles/Paul conduz seus questionamentos e certezas. Até mesmo a linguagem, beirando o subliminarismo, através da qual o filme entrelaça as correntes de pensamento aparentemente opostas - religiosa e científica - sem dar a razão exclusivamente a nenhuma, pelo contrário, fazendo com que se complementem, faz parte do charme deste filme que deixa saudades quando termina.

     Traga "Criação" para casa da locadora e passe aqui para contar ao Macaco - que aliás, tem um "primo" simpatissímo no filme - o que achou!

Nenhum comentário:

Postar um comentário